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J. Whitfield
Volvida algumas semanas do 13º Encontro da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas e alguma assimilação e reflexão, várias palavras têm estado presentes no quotidiano: paixão, cooperação, rede, revolução silenciosa, valor social, crise económica, comunicar e ação. Não necessariamente por esta ordem mas, curiosamente, a paixão sempre em primeiro lugar.

De salientar que com meia dúzia de anos nesta profissão a minha visão é um pouco diferente de quem por estes caminhos caminha há vinte ou mais anos. Não tive a sorte de assistir a uma revolução silenciosa, focada pelo painel inaugural do encontro, pois quando ingressei nesta profissão o empréstimo domiciliário, livre acesso, catálogos em linha, wireless, entre muitos outros serviços era um dado adquirido. Sinto, pelo contrário, que temos vindo a assistir a uma lenta regressão: de serviços, técnicos especializados, visibilidade, tecnologia e orçamentos! Sou otimista por natureza portanto esperava mais, muito mais…

Temos realidades muito díspares a nível nacional, como foi repetidamente evidenciado nas diferentes comunicações e, talvez por isso, seja tão importante conhecermo-nos melhor. Quais as práticas de cada biblioteca? Quais as práticas de sucesso de cada biblioteca? É facto que acabamos por trabalhar muito sozinhos e raramente como uma rede pelo que fiquei de certa forma aliviada pelo anúncio do Diretor Geral da DGLB acerca da implementação de um Prémio de Boas Práticas pois, por vezes chego, a duvidar das práticas que implementamos devido à falta de linhas orientadoras. A necessidade, expressa ao longo do Encontro, de uma Lei Geral das bibliotecas públicas também foi muito bem recebida pois será um documento orientador muito precioso para os profissionais que gerem bibliotecas muitas vezes só com o poder de persuasão!

Para além da necessidade de mais trabalho em rede nacional, vários dos comunicadores referiram a importância do valor social da biblioteca pública. Como medimos tal? Mais uma vez é necessário um trabalho em rede pois não podemos cada qual “medir” o valor social da sua biblioteca conforme entender. Só um grupo de trabalho ou através de linhas orientadoras é que conseguiremos algum impacto com dados a nível nacional. Mais uma vez a cooperação fará a força através de uma ação concertada.

Crise económica foi a “frase do dia”. Não há dúvidas. Umas bibliotecas sentem-na mais e outras menos. Mas não é por isso que paramos. É mais um motivo para o trabalho em rede, demonstrar o valor social das bibliotecas públicas e dos bibliotecários. É possível trabalhar com pouco dinheiro, mas tem que haver algum pelo que muito me agradou a existência de um painel de políticos a defender a continuidade das bibliotecas públicas.

Por último, gostaria de reiterar a paixão que muitos bibliotecários demonstraram. Efetivamente, quem está nesta profissão não está pela carreira (muito menos quem por cá anda há pouco tempo!) mas sim por paixão pelo que fazem, paixão por servir a comunidade, contribuir para cidadãos mais ativos e fomentar a aprendizagem ao longo da vida. Esta paixão leva-me a crer que estamos a precisar de uma segunda revolução, mas desta vez menos silenciosa. Dar a conhecer a importância dos profissionais de informação e a necessidade da existência das bibliotecas públicas deve ser o objetivo principal dessa revolução que poderá decorrer através da comunicação e que, quem sabe, poderá ser a salvação de muitas bibliotecas públicas.

Joanna Whitfield
Biblioteca Municipal de Azambuja

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