Untitled 2No âmbito das comemorações do Dia Internacional dos Museus, 18 de Maio, Eduardo Gageiro presenteou-nos com uma visita guiada por ele próprio à exposição da sua obra fotográfica, que se encontra no Museu de Cerâmica de Sacavém. Foi um momento único, sublime, de uma beleza e emoção, a que aliás nos habituou com o seu trabalho fotojornalístico de mais de meio século. Contou-nos que primeiro começou a trabalhar, ali mesmo, como moço de recados na antiga fábrica de loiças de Sacavém, com futuro no escritório, mas que não gostava de números. Mostrou-nos a(s) sua(s) primeira(s) máquinas fotográfica(s), as primeiras fotos, e falou-nos de como foi difícil singrar no fotojornalismo, no Diário Ilustrado onde começou, assim como dos (in)evitáveis problemas com a censura do Regime. E viajámos por Portugal e pelo mundo, com as histórias que nos contou, à beira de cada fotografia histórica – a de Paulo VI em Fátima; as do 25 de Abril com Salgueiro Maia; as que realizou como fotógrafo oficial do Presidente de Portugal Ramalho Eanes, e outros, e as de inúmeras personalidades como Reagen, Fidel Castro, Xanana Gusmão, para só falar de algumas; grandes acontecimentos como a operação dos Jogos Olímpicos de Munique, a par de cenas do quotidiano, como um mercado de terras de além-mar, ou uma rapariguinha portuguesa com olhos amendoados. Ficámos pois a saber da sua atração em captar a vida contida nos olhares expressivos, mas também que não deixava de reparar numa boneca atirada ao lixo, que fotografava sempre que encontrava.

De Eduardo Gageiro podemos dizer que é um dos nossos melhores fotógrafos, que fotografou Portugal contemporâneo, e fê-lo com a sensibilidade de um artista e a alma de um cidadão social e politicamente empenhado. O seu trabalho foi reconhecido com inúmeros prémios nacionais e internacionais. A exposição inclui uma sinopse da obra editada, e o respetivo catálogo, bem ilustrado e rico em informação biográfica e testemunhos de fotografados.

Foto20130123174546600© Câmara Municipal de LouresO património documental guarda a nossa memória histórica, e na sua preservação e valorização trabalhamos nós, profissionais de museus, arquivos e bibliotecas. Pois esse desiderato começa pelo conhecimento e usufruto, que o próprio fotógrafo tão generosamente facultou.

 

No Museu de Cerâmica de Sacavém. Segunda a sábado, 10-13h e 14-18h.

 

 

 

Leonor Antunes

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