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Clifford Lynch (Coallition for Networked Information, Washington DC)

O terceiro dia do Congresso da IFLA foi bastante preenchido. A minha escolha, recaiu por sessões com temas relacionados com as tecnologias emergentes.

Neste apontamento, apresenta-se um pequeno resumo do que foi dito nesta sessões:

“Cloud Computing: its impact on privacy, jurisdiction, security, lawful access, ownership and permanence of data”.

Esta sessão contou com a presença de Clifford Lynch da Coallition for Networked Information (EUA), Christine Runnegar da Internet Society (Suiça) e Pat Flaherty da Partner, Torys LPP (Canada).

Na primeira comunicação com o título Storage Clouds and computing clouds: implications for libraries, apresentou-se uma pequena introdução sobre este tema recomendando a leitura do artigo do National Institute of Standards and Technology: DRAFT Cloud Computing Synopsis and Recommendations.  Lynch estabelece uma distinção da nuvem em três classes: nuvens de armazenamento (clouds storage), nuvens computacionais (computing clouds) – como a Amazon – e aplicações como serviço (applications as service). Apresentou como vantagens, a possibilidade de se fazer um outsourcing aliviando o trabalho e os recursos das instituições, mas pelo lado negativo, essa dependência com grande margem para o erro tem grandes implicações para as Bibliotecas. A título de exemplo, falou-se dos grandes “apagões” nos EUA e no caso da Amazon que não tem a sua nuvem tão protegida quanto se pensa.

A segunda sessão, coube a Runnegar com o tema Privacy on the Internet: looking to the future. A autora desta comunicação levantou questões sobre a segurança e privacidade dos utilizadores da Internet. Para isso recorreu a um exemplo clássico: ao pesquisar várias páginas web, os nossos dados vão sendo recolhidos por forma a parametrizar a informação que é disponibilizada. Isto porque, hoje em dia, é comum uma página ir buscar informação a várias fontes externas a essa página em questão. Desta forma, ao visitar estas páginas estamos a deixar impressões e pegadas digitais na rede que poderão permanecer por lá durante muito tempo. Esta informação é valiosa para as companhias que operam no mundo digital: Elas observam, compilam, classificam, adivinham os nossos próximos passos e vão aprendendo connosco.

Para ilustrar o que foi dito, Runnegar mostrou um exemplo da extensão Collusion, disponível para o Firefox e Chrome. Exta extensão permite saber que outros sites poderão estar a ler informações a nosso respeito sem que saibamos. Ao visitar três ou quatro páginas, podemos verificar o rasto que vamos deixando nas nossas pesquisas e a quantidade de empresas que nos estão a vigiar por cima dos nossos ombros (uma pequena demonstração poderá ser vista aqui). Estes dados podem ser excelentes fontes de informação, por exemplo, para anunciantes. Já se perguntaram como a publicidade que vai aparecendo um pouco por todo lado parece ser o produto indicado para nós, ou sobre qualquer coisa que vimos recentemente?

A comunicação de Pat Flaherty Stormy weather: Jurisdiction over privacy and data protection in the cloud, até à data a única disponível desta sessão, versou sobre aspectos legais da cloud. Flaherty começa por dizer que não há que descurar das vantagens da sua utilização, uma vez que os custos na implementação de novos programas e assistência técnica poderão ser reduzidos até, estima-se, 30%. Não obstante ter dados outros exemplos positivos, reconhece que o problema da privacidade é complexo. No uso de outsourcing muitas vezes dá-se o caso de recorreram problemas transnacionais. Por exemplo, os dados australianos podem ser depositados numa cloud gerida por uma empresa americana, cujo os dados estão a ser processados por alguém na Índia. Os servidores poderão eventualmente estar alojados num país da América do Sul cujas cópias de segurança se encontram na Irlanda. Juridicamente, isto causa problemas de vária ordem. Os Bibliotecários deverão ter consciência destes problemas e zelar para que os dados dos seus utilizadores estejam em segurança.

Artigos disponíveis em: http://conference.ifla.org/ifla78/session-90

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A geração Google precisa mesmo de nós?

Generation Google need us: new roles for visibility in the digital age for information & reference services

A primeira comunicação, com o título Information “Lost and Found” – new models for library reference servicepor Rauha Maarno, iniciou com a descrição de um programa inovador desenvolvido pela Helsinki City Library, chamado Ask Anything. Segundo muitos  bibliotecários na sala foi consensual de que este nome é melhor conseguido do que o conhecido Ask a Librarian, uma vez que não põe o Bibliotecário num estatuto acima do utilizador. Talvez por essa razão tenha tido um grande impacto na cidade de Helsínquia. Este serviço ganhou um espaço próprio numa estação de rádio e acabou por desenvolver um curto programa de 10 minutos em parceria com esta rádio chamado “Segredos de Helsínquia” sobre factos da cidade. O programa consistia simplesmente de uma pergunta onde os ouvintes podiam responder e avaliar as melhores respostas.

Da avaliação deste programa, os Bibliotecários chegaram à conclusão que obtinham uma melhor resposta dos utilizadores se respondessem com respostas directas e concisas, ao invés das mais detalhadas e enciclopédicas.

A comunicação seguinte, Does generation Google really need us?, por Peter Sidorko e Dianne Cmor, da Universidade de Hong Kong, apresentou um estudo realizado entre 2005 e 2011 sobre a importância dos serviços de biblioteca e chegaram à conclusão que o serviço de referência tinha sido o único que tinha perdido relevância.

Com base num estudo antropológico, aperceberam-se de que os alunos preferiam serviços que se baseavam em relações de familiaridade e influência e que este serviço não oferecia essas relações. A situação inverteu-se quando a biblioteca passou a oferecer formação integrada no curriculum da universidade. O resultado foi um imediato crescimento de perguntas com alguma complexidade.

Sara Wingate Gray (Universidade de Londres, São Francisco), apresentou a comunicação Reference Librarianship on the Fly: taking the Librarian out of the Library. Esta palestra versou essencialmente sobre exemplos de Bibliotecas extra muros. Desde sessões de leitura ao ar livre, pela Biblioteca de Nova Iorque, passando por projectos piloto de pequenas bibliotecas em aviões, à People’s Library do movimento Ocupar Wall Street, esta comunicação chamou à atenção para o envolvimento que a Biblioteca pode ter com as comunidades locais e estar presente onde as pessoas estão.

A comunicação seguinte: How can we make our digital material more visible in the physical library? apresentado por Linda Vidlund e Cecilia Petersson (da Universidade de Uppsala, Suécia). Constatou-se que muito do material em formato digital, nomeadamente ebooks, não estava a ser muito utilizado pelos bibliotecários como forma de dar resposta aos alunos e que uma das razões era por não estarem familiarizados com os dispositivos de leitura electrónica. Depois de algumas mesas redondas e terem participado num programa de leitura com ebooks, a colecção digital passou a ser mais referenciada. Mais, alargou-se a divulgação na própria Biblioteca dos seus recursos electrónicos através da utilização de QR Codes. A resposta a este programa permitiu aumentar o número de empréstimos de ebooks em dois terços.

Por último, a sessão If we build, will they come? Understanding reference users in the age of texting, apresentado por Lili Luo (da Universidade de San Jose, EUA) relatou a experiência da utilização de SMS’s na interacção com os alunos, com elevadas taxas de satisfação e com um tempo de resposta inferior a 20 minutos.

Artigos disponíveis em: http://conference.ifla.org/ifla78/session-98

 

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