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  • Ciclo de debates “Bibliotecas, Arquivos e Museus: acesso à informação” – Loulé

Início Braga, 7 de JunhoPorto, 21 de Junho | Lisboa, 18 de outubroLoulé, 25 de Novembro

 

Loulé, 25 Novembro

 

Participantes: 

Moderadora: Dália Paulo (Acesso Cultura) – Moderadora:

Isabel Salvado (Arquivo Municipal de Tavira), Isabel Soares (Museu de Portimão), Sandra Martins (Biblioteca Municipal de Faro) e Sónia Negrão (Rede de Arquivos do Algarve)
Moderadora: Dália Paulo (Acesso Cultura)

 

Apresentado o tema de acordo com o desafio lançado pela Acesso Cultura e a BAD – Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas sobre o acesso às colecções, fundos documentais e arquivísticos à guarda das instituições; com as seguintes perguntas de partida: De que forma podem as bibliotecas, arquivos e museus facilitar o acesso ao universo que têm dentro de portas? Como podem preservar e, simultaneamente, garantir o acesso continuado à informação, às colecções?

 

Na realidade particular do Algarve, onde existem duas redes a funcionar – museus e arquivos e um grupo de trabalho, que funciona mais irregularmente, o de bibliotecas, esta foi a primeira vez que os profissionais das diferentes áreas se juntaram para discutir assuntos comuns às três instituições – neste caso o acesso à informação.

 

Isabel Soares começou por fazer uma abordagem ao assunto baseada em exemplos do trabalho do Museu de Portimão, referindo projectos como Museu bate à porta da nossa história ou A cultura sai à Rua e centrando a sua reflexão em dois pontos: recolha de informação (a montante do acesso à informação) e a partilha da informação. Para este segundo ponto, abordou várias formas de acesso à informação (e os seus limites), destacamos alguns: websites; publicações; redes; projetos de parcerica; grupos de amigos, entre outros, que permitem de diversas formas chegar a um maior número de pessoas e disponibilizar informação sobre as colecções e as suas histórias. Para a convidada, dar acesso à informação é uma forma de democratização da cultura, mas questiona quais os limites e se os deve haver. Por outro lado, abordou a questão da digitalização das colecções, da disponibilização dos inventários e de um projeccto que a Rede de Museus do Algarve teve mas que não se concretizou até ao momento, o da disponibilização das colecções dos museus do Algarve numa plataforma única.

 

Continuando na questão do acesso e da disponibilização, Isabel Salvado apresentou, em primeira mão, a plataforma AtoM (Access to Memory), disponibilizada pelo Arquivo Municipal de Tavira nesse dia (para saber mais sobre o AtoM podem consultar https://rededearquivosdoalgarve.wordpress.com/). Começou por afirmar que, das três instituições culturais (museus, bibliotecas e arquivos), os arquivos são os que maior caminho terão de percorrer na questão do acesso à informação: porque continuam a ser espaços fechados, quase inacessíveis; porque só pode aceder quem tiver mais de 18 anos; porque os edifícios (mesmo os novos), na sua maioria, não foram concebidos para ser “amigáveis” nem para ter actividades complementares – de educação e de comunicação, o que possibilitaria uma maior capacidade de trabalhar o acesso à informação. Abordou de seguida a questão da consulta digital vs consulta presencial, causas e consequências, referindo mesmo a discrepância actual entre os utentes presenciais e os utentes virtuais, colocando nesta equação as questões da conservação dos documentos, da literacia digital, do perfil do utilizador (que disse não se conhecer, não tendo disso consensual na sala). Levantou ainda questões concretas para que o acesso se torne mais fácil: tratamento arquivístico vs falta de técnicos; impedimento legal (toda a legislação de acesso que o arquivo tem de cumprir); a conservação dos documentos e a sua reprodução.

 

Por seu lado, Sandra Martins, começou por considerar que o acesso à informação é, no caso das bibliotecas, acesso ao conhecimento e que os serviços da biblioteca são parceiros na intermediação, para uma literacia da informação. Falou das bibliotecas como lugar de conhecimento das comunidades, de igualdade entre os cidadãos no acesso à informação e de participação (um dos desafios do nosso século). Abordou, de seguida, o conceito de Biblioteca Hibrida, que disponibiliza os seus acervos físicos e digitais e que tem acervos para além dos livros. Considera que as bibliotecas no futuro podem ser parceiros para a criação de conteúdos digitais, salvaguardando que neste caso há sempre que assegurar as questões de direitos de autor. Coloca a questão: devem todas as bibliotecas ter uma biblioteca digital ou só a Biblioteca Nacional? E, acrescenta, o papel das Bibliotecas Municipais deve ficar reservado aos acervos digitais para as áreas da história local e regional e para os fundos antigos? Na questão do digital afirma que apenas as obras em domínio público podem estar nos acervos digitais das bibliotecas. Considerando que o futuro passará necessariamente pelo acesso à informação por via digital, remata realçando que há um longo trabalho inter-instituições a realizar neste sentido.

 

Pegando nesta ideia de trabalho conjunto, Sónia Negrão, arquivista em representação da Rede de Arquivos do Algarve, considerou que para o acesso à informação ser mais facilitado o trabalho/ apoio da Torre do Tombo devia existir, para que se pudesse a montante definir metodologias, meios logísticos e humanos, para que os acervos deixem de ser fechados, inacessíveis e se tornem úteis e ao serviço da sociedade e das comunidades. Deu o exemplo de alguns projectos de divulgação de acervos, nomeadamente fotográficos, que permitem uma maior aproximação das comunidades ao arquivo e aos seus acervos, bem como uma excelente oportunidade para conhecer e tratar os acervos. Abordou a importância destes fóruns de discussão inter-instituições como uma boa maneira de discutir, em círculo alargado, os mesmos constrangimentos, necessidades e oportunidades que os profissionais das diferentes áreas – museus, arquivos e bibliotecas – têm no dia-dia, para que os seus acervos se tornem acessíveis, úteis e relevantes para as comunidades, uma vez que estas instituições culturais são guardiãs da memória, do conhecimento e da documentação produzida, sendo assim repositórios de acervos que se querem cada vez mais acessíveis.

 

Nesse sentido ficaram dois desafios em cima da mesa, para os quais as redes de Museus e de Arquivos e o grupo de trabalho das bibliotecas podem contar com as associações organizadoras deste debate para lhe dar forma, a saber:

  • Portal coletivo de acesso aos acervos de bibliotecas, arquivos e museus, para facilitar o acesso à informação, uma proposta conjunta destas três áreas a levar às tutelas;
  • Realização de um encontro entre as redes de museus, arquivos e grupo de trabalho das bibliotecas para realização de projetos conjuntos, entre eles o da plataforma colectiva de acesso à informação para museus, arquivos e bibliotecas do Algarve.