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  • Sábado de Primavera com a BAD – Programa

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10h00-12h30: Assembleia Geral da BAD

 

12h30-14h00: Almoço-convívio na BNP

 

14h00-14h45: Entrega do Prémio Raul Proença 2012
Apresentação do trabalho premiado “As bibliotecas itinerantes como veículo de aproximação às comunidades de meio rural. O caso da Biblioteca Andarilha – extensão móvel da Biblioteca Municipal de Beja”, por Maria Paula Santos, Presidente do júri
Breves palavras do patrocinador (DGLAB), José Manuel Cortês
Agradecimento da autora, Maria Silvério Morais
Anúncio da abertura de candidaturas ao Prémio, relativas a 2013, Alexandra Lourenço

 

14h45-17h30: Mesa-redonda
“A Crise e a Sustentabilidade das Bibliotecas e Arquivos”
Nota introdutória e moderação pelo escritor e jornalista Francisco José Viegas
Intervenções: Paulo Leitão, Santiago Macias, Teresa Calçada, João Vieira e Alexandra Lourenço
Debate

 

A Crise e a Sustentabilidade das Bibliotecas e Arquivos

A sessão teve nota introdutória e moderação do jornalista Francisco José Viegas e intervenções de Paulo Leitão, da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Santiago Macias, presidente da Câmara Municipal de Moura, Teresa Calçada, ex-coordenadora da Rede de Bibliotecas Escolares, João Vieira, coordenador do Sistema de Informação para o Património Arquitetónico do Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana e Alexandra Lourenço, presidente da BAD. A sessão contou com a presença de várias dezenas de participantes de norte a sul do país, tendo vários deles participado no debate.

 

Paulo Leitão começou por abordar o conceito de sustentabilidade aplicada a arquivos e bibliotecas enquanto capacidade para desenvolver estes serviços, usando os recursos existentes para a satisfação das necessidades informacionais atuais, sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
Apresentou depois diversos pontos que caracterizam o contexto atual das bibliotecas, como a maior utilização e valorização destes serviços e a menor quantidade de recursos para o seu desenvolvimento, a entrada de profissionais sem formação apropriada, a dependência extrema de fundos públicos para o seu funcionamento, a debilidade do seu enraizamento nas comunidades e fragilidades de natureza legal. Por fim, apresentou algumas soluções para ultrapassar estes problemas, das quais sobressaem a necessidade de efetuar um bom planeamento estratégico destes serviços, apostando na sua reinvenção e na necessidade da avaliação e comunicação do valor que eles representam.

 

Santiago Macias, na sua intervenção, com base na sua experiência política ao nível local, destacou o facto de a Rede de Bibliotecas Públicas (RBP) ter passado de moda junto das autarquias, bem como a sua esperança em que o novo Quadro Comunitário de Apoio possa ter programas para desenvolver a rede e os serviços públicos que prestam às comunidades.

 

Teresa Calçada salientou a necessidade de, em momentos de crise, serem realizados maiores investimentos na área das bibliotecas públicas e escolares e proceder à sua sustentação de modo a não comprometer o futuro. Destacou ainda o fato de o país ter políticas públicas frágeis neste domínio e uma experiência de apenas 3 décadas de iniciativas de leitura pública, afirmando que qualquer desinvestimento nesta área será a falência do esforço realizado no passado. Por isso, sublinhou a necessidade de valorizar as bibliotecas e o seu papel no reforço de políticas públicas destinadas à construção de competências de leitura e de conhecimento e aprendizagem ao longo da vida. Entre as soluções apontadas referiu a necessidade de reforçar as redes e parcerias existentes no terreno.

 

João Vieira referiu-se à crise de valores e de relevância dos arquivos da Administração Pública e apontou algumas soluções para ultrapassar o problema. Em primeiro lugar, a existência de uma visão e de uma política de informação, assumida pela liderança destas entidades. Referiu que é ainda necessário apostar em parcerias adequadas à sustentabilidade destes serviços, bem como na prestação de projetos e intervenções especializadas que tragam valor aos serviços de arquivo.

 

Alexandra Lourenço salientou a crise atual, que também se reflete na associação profissional a que preside, a necessidade de conhecer a situação dos serviços de arquivo e bibliotecas e dos seus profissionais e de lhes dar mais visibilidade.

 

No debate alargado com a assistência, foram ainda referidos:

Alguns exemplos de desinvestimento nestes serviços, como é o caso das bibliotecas e dos centros de documentação de organismos de âmbito ministerial (Pedro Penteado), de algumas bibliotecas universitárias (Isabel Andrade) ou de algumas bibliotecas públicas, como a Biblioteca Municipal da Nazaré (Jorge Lopes). A este nível foi ainda referida a dificuldade de a DGLAB em fazer cumprir, por vezes, os contratos programa elaborados com as autarquias da RBP (José Cortês), apesar de ainda existir “muito bom poder local” no país (T. Calçada).

Outras fragilidades do sistema nacional de informação, como a falta de legislação no domínio das bibliotecas (Vera Silva), face à resistência de muitos autarcas locais (Maria J. Moura), debilidade que a DGLAB pretende contrariar (J. Cortês). Foi ainda referida, a este nível, a ausência de uma forte consciência cidadã e comunitária em torno da importância das bibliotecas e arquivos, fator que leva a que as pessoas não protestem perante desinvestimentos ou processos de desqualificação destes serviços, por parte do poder político (P. Penteado).

Diversas soluções encontradas na formulação de redes e parcerias para dar consistência local e valor a estes serviços, como no caso da CIMBAL – Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo (Paula Sousa).
A necessidade de os profissionais se focarem no que podem fazer para as bibliotecas serem, na prática, relevantes, de modo a garantirem os financiamentos necessários, sem se esquecerem de dar visibilidade ao que fazem pelos cidadãos (Eloy Rodrigues). Trata-se de convocar o valor social das bibliotecas e os seus benefícios para a comunidades (T.Caçada). Este aspeto obriga a que os profissionais sejam cada vez mais exigentes e competitivos, promovendo a sua valorização social, particularmente nas organizações e comunidades onde estão inseridos (Pedro Príncipe).

Atendendo à grande atualidade do tema em debate, a BAD tenciona criar outras oportunidades para a sua discussão noutros pontos do país.