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O uso da palavra avaliação em instituições com coleções musealizadas é muitas vezes compreendido em Portugal como o ato das instituições reguladoras avaliarem o desempenho de seus equipamentos, seus profissionais e seus públicos. Entretanto, a palavra avaliação é polissémica. A avaliação é um produto de uma ação realizada para compreender um determinado aspeto ou faceta de uma instituição, de um profissional ou de um objeto.

A avaliação pode ser realizada em abordagens top-down ou bottom-up. Em Portugal, estamos acostumados com a abordagem top-down, como é caso da avaliação de desempenho dos profissionais. Mas, se invertemos para o bottom-up, será que a avaliação poderia ser utilizada de maneira a apoiar o profissional, através de autodiagnóstico?

Nesta perspetiva, o webinar Avaliação para quê? Uma discussão sobre avaliação em gestão de coleções em museus foi realizado em 13 de abril, pelo GT-SIM, e promoveu uma reflexão com os profissionais participantes. Foi apresentado um resumo sobre conceitos, metodologias e ferramentas de avaliação atualmente utilizadas em instituições que têm coleções musealizadas.

A ênfase foi demonstrar com a ferramenta RUMO, uma avaliação para gestão de coleções, realizada no âmbito do doutoramento em Estudos do Património – ramo Museologia, na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, que se encontra disponível para qualquer profissional utilizar.

Para a sua conceção, foram utilizadas referências do campo teórico, diretrizes e legislação nacional e internacional na área do Património e Museus, assim como bibliografia da área da Museologia e referências no campo experimental (prático). Além das referências, a construção deste documento partiu também da recolha de dados e análise proveniente de entrevistas, recolha documental e diário de visita técnica. A validação foi realizada a partir de evento e discussão com pares, em novembro de 2019. A versão disponível para download é fruto das alterações sugeridas a partir desta discussão colaborativa.

Numa abordagem bottom-up, a ferramenta de avaliação RUMO permite comparar o desempenho realizado de ações/atividades/procedimentos de gestão de coleções, com parâmetros do ruim para o melhor, como forma de diagnóstico.

E por quê fazer? Para auxiliar na perceção do que pode ser aprimorado e definir parâmetros para melhores práticas. Pode ser utilizado, por exemplo, para:

  • parte de um planeamento anual;
  • quantificar e criar projetos para fazer candidaturas para angariar recursos;
  • fazer uma proposta para a tutela para solicitação de recursos;
  • destacar a importância da preservação da coleção;
  • e principalmente, para fazer parte de um processo de melhoria contínua.

A avaliação deve ser vista como parte de uma estrutura maior, que inclui o planeamento e ações de melhorias de uma instituição.

A sensibilização quanto ao ato de avaliar é auxiliar na compreensão de que a avaliação também pode ser utilizada como forma de criar meios para melhorias. E este é um desafio que convidamos a todos os profissionais a percorrer. O conhecimento  adquirido e aprimorado com o auxílio da avaliação de como são as atividades na instituição, é uma forma de empoderar seus profissionais com argumentos para que possam buscar melhorias no seu quotidiano e na sua instituição.

Para aceder e fazer o download da avaliação RUMO e do toolkit, acesse em: http://gestaodecolecoes.com/proposta-de-avaliacao/.

Juliana Rodrigues Alves

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